A copa dos dados: a relação entre IA e apostas esportivas

A era do big data submete importantes decisões a uma avaliação baseada em sugestões de algoritmos

Com a Copa do Mundo de Futebol da FIFA atraindo olhares para o Catar, as características do país, sobretudo em relação a nações ocidentais, se sobressaem. Entre diferenças culturais marcantes, um aspecto que parece unânime é a admiração pela sofisticada tecnologia de ponta envolvida na estrutura e nos jogos da Copa.

Dentro e fora do campo

Entre as inovações inauguradas nesta copa, a bola oficial do campeonato, a ‘Al Rihla’ e traz um novo sensor integrado ao seu interior, desenvolvido em parceria com a Kinexon – empresa alemã de sensoriamento e computação de borda. Essa é uma das ações que integra o esforço da FIFA em agregar cada vez mais dados sobre os jogos.

A arbitragem terá acesso às informações coletadas pelas tecnologias de sensoriamento e IA durante as partidas. Pela primeira vez, durante a Copa do Mundo do Catar, jogadores também poderão conferir informações sobre sua performance em campo.

Quem também ganha com a sofisticação da IA são os torcedores, ou, mais especificamente, os apostadores. Maurício Ribeiro, agente de uma casa de apostas, explica que em eventos esportivos maiores, como Copa do Mundo, final da Champions League e final da Libertadores, aumenta muito o número de apostas. “Além dos apostadores que costumam utilizar desse meio como uma renda extra, surgem muitos apostadores recreativos, que querem apenas assistir o jogo ‘com mais emoção’, como eles costumam brincar”, comenta. Outro público que aumentou sua participação em apostas, na percepção de Maurício, foram as mulheres.

Além de agente, Maurício também é apostador, e dá muito valor aos dados na hora de apostar. “Eu costumo estudar bastante as estatísticas da partida antes de realizar alguma aposta. Hoje em dia temos ferramentas de dados muito completas como Sofascore e Flashscore onde essas disponibilizam informações detalhadas e precisas de cada time, de cada jogador, de cada árbitro etc”, declara. Além das ferramentas de dados, ele considera importante estar sempre atualizado nos noticiários esportivos para pegar algumas informações dos times como desfalques, ambiente, pressão da torcida

O que isso tem a ver com o pricing?

O mecanismo que sugere os resultados das apostas age com base em odds. Na prática, as odds são o valor que o apostador ganhará caso o resultado em que ele apostou se concretize. Do ponto de vista da casa de apostas, são a precificação da probabilidade de cada resultado de um evento. Basta acessar um site de apostas para ver essa precificação em tempo real: os preços são recalculados em intervalos de segundos.

O engenheiro de machine learning da Aprix Daniel Felin compara essa mecânica com a da precificação dinâmica. “Como praticamente em qualquer setor, quanto mais dinâmico o processo de mudança de preços, maior a necessidade de automatização. Por isso, os decisores de preço das casas de aposta, chamados de bookmakers, utilizam algoritmos, modelos estatísticos e grandes quantidades de dados para comandar o cálculo das odds”, explica.

No entanto, a variável mais importante nesse processo é a informação fornecida pelos clientes: quanto “vende” cada probabilidade. Segundo Felin, à medida que o bookmaker regula as probabilidades, o balanço do dinheiro aplicado pelos apostadores vai de um resultado para outro, de maneira que o decisor tem informação sobre a sensibilidade dos consumidores a cada preço, se assemelhando ao conceito clássico de elasticidade de preços.

Embora a precisão das apostas seja crescente, outro fator importante é a avaliação, e até mesmo a intuição, da pessoa que aposta. A fusão entre “ciência e arte” se reflete no pricing: para além do cálculo, cabe a quem analisa os dados avaliar as possibilidades e tomar a decisão correta. Daí a importância de ter bons analistas aliados a ferramentas potentes no processo de precificação.

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Júlia Provenzi
Júlia Provenzi é jornalista, formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Na Aprix, escreve sobre tendências no mundo dos negócios e inovação aliadas às áreas de pricing. Busca desmistificar o uso da IA e de tecnologias de ponta no contexto do Revenue Growth Management (RGM) em grandes companhias.
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Júlia Provenzi
Júlia Provenzi é jornalista, formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Na Aprix, escreve sobre tendências no mundo dos negócios e inovação aliadas às áreas de pricing. Busca desmistificar o uso da IA e de tecnologias de ponta no contexto do Revenue Growth Management (RGM) em grandes companhias.

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