Diversidade e inovação andam juntas. As ferramentas criadas para auxiliar, automatizar e facilitar atividades humanas são criadas por outros seres humanos, que involuntariamente imprimem nelas reflexos de seu lugar de fala e de sua posição na sociedade.
Um exemplo disso é que algoritmos de reconhecimento facial têm dificuldade em atribuir o gênero de pessoas trans — um problema cuja solução é complexa, dado que a identidade de gênero não se forma apenas a partir das características faciais identificadas pela inteligência artificial. Muitas vezes, essa identidade não está representada sequer nos documentos oficiais de pessoas queer.
Por esse motivo, é importante que as empresas de tecnologia tenham um ambiente que reproduza, na medida do possível, as diversidades da sociedade em que estão inseridas. Mas, na prática, pessoas que não se identificam com seu gênero atribuído ao nascimento encontram barreiras de preconceito, educação e saúde mental no acesso à empregabilidade.
Além disso, pesquisas pela consultoria McKinsey mostram que empresas com maior diversidade de gênero tem lucratividade acima da média — e aumentando. Foram resultados 21% acima da média em 2017 e 25% em 2019.
Uma pesquisa da startup especialista em recrutamento Gupy mostrou que, em 2021, 10% das vagas anunciadas em suas plataformas foram “afirmativas”, ou seja, exclusivas para iniciativas de diversidade e inclusão – desses 10%, pouco mais de um terço (37,5%) eram exclusivas para profissionais LGBTQIA+.
O número de vagas para especialistas em diversidade e inclusão no mesmo período cresceu 560%, o que revela que algumas empresas já estão dando os primeiros passos em programas e iniciativas que contribuam para a redução das desigualdades sociais nesse âmbito.
No combate a essa problemática, iniciativas como a educa TRANSforma, a Tamo Juntes e o Projeto Transpor promovem programas de capacitação para profissionais e empresas no objetivo de aumentar o acolhimento dessa parcela da população ao mercado de trabalho nos mais diversos níveis das organizações.
A seguir, conheça o trabalho de profissionais trans no mundo da tecnologia!
Daniela Rocha de Andrade, engenheira de software (ela/dela)
Daniela, programadora há 25 anos, a programadora também é pioneira por seu ativismo pelos direitos humanos e das pessoas trans – ela foi responsável por desenvolver a primeira versão da plataforma da TransEmpregos, maior e mais antigo projeto voltado para a empregabilidade de profissionais trans e travestis.
Em 2021, falou à PrograMaria, iniciativa de apoio às mulheres na tecnologia: “contratar é só o primeiro passo, é obrigação das empresas em um país que tem mais de 50% de mulheres e pessoas negras”.
Danielle Torres, sócia-diretora da KPMG no Brasil (ela/dela)
Danielle Torres, executiva e pesquisadora, é mestranda em Analytics no Instituto de Tecnologia da Geórgia (Estados Unidos), onde estuda como os vieses da Inteligência Artificial influenciam nas decisões. “Não se pode mais colocar como uma área de conhecimento desconectada do social. Na hora em que a gente pensa em governança, social e meio ambiente, isso passa pela Inteligência Artificial. Estamos hoje em um momento de transição”, disse a pesquisadora, em entrevista ao portal Net Zero.
Thaly Sanches (ele/dele)
É um designer envolvido com projetos e iniciativas que unem impacto social e tecnologia, com interseção em áreas como privacidade e proteção de dados, diversidade, inclusão e acessibilidade. Ele é um dos co-fundadores e dirigente da organização sem fins lucrativos e comunidade Todas as Letras, que começou como meetup da comunidade LGBTI+ na tecnologia, além de ser palestrante e professor.
Tiani Pixel (ela/dela) e Fernanda Dias (ela/dela), Fundadoras do Studio Pixel Punk
Tiani e Fernanda são desenvolvedoras de jogos no Studio Pixel Punk, produtora de jogos independente e brasileira. Elas são as criadoras de Unsighted, considerado um dos melhores jogos do ano em 2021 pelo portal Polygon, e são reconhecidas como as primeiras mulheres trans a criarem um game no país.
Bônus: Grupo Feministech
A Feministech é um grupo de pessoas que se identificam no feminino e não bináries que produzem, consomem e compartilham conteúdo sobre tecnologia. O objetivo da Feministech é aumentar a representatividade de minorias no mundo da tecnologia, promovendo um ambiente diverso e inclusivo.
Uma das principais missões do grupo é auxiliar e incentivar a produção de conteúdo dessas minorias, como live coding, vídeos, artigos, palestras, podcasts e eventos.
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