Tendências no radar dos CFOs: um guia para 2024

Os CFOs que se mantêm ágeis e proativos estarão melhor posicionados para garantir o sucesso financeiro das suas organizações. Este guia busca ser um farol, guiando os CFOs através das complexidades e oportunidades que se apresentam no horizonte financeiro do ano atual.

No intricado mundo empresarial, o papel do Chief Financial Officer (CFO) transcende as planilhas e números, desempenhando um papel vital na condução das finanças corporativas. Este guia busca indicar os caminhos que os CFOs devem trilhar em 2024, considerando a rápida evolução do cenário econômico e tecnológico.

Desafios e oportunidades do cenário econômico atual

Em um contexto de mudanças rápidas, a análise do panorama econômico global torna-se crucial para os CFOs. Desafios como a volatilidade dos mercados e mudanças nas políticas fiscais oferecem oportunidades de inovação e estratégias adaptativas.

A especialista em inflação da Warren, Andrea Angelo, destaca alguns indicadores para o cenário inflacionário em 2024:

  • Contextualização global: Atualmente, a principal expectativa para a inflação em 2024 é sua contínua desaceleração. Encerramos 2023 com índices entre 5,70% e 5,80%, e agora buscamos uma redução para 4,60%, mantendo essa trajetória até atingir 4. No entanto, é crucial mencionar que, de 2022 para 2023, a inflação desacelerou de maneira mais intensa. Portanto, estamos projetando uma desaceleração contínua, mas em um ritmo mais moderado, saindo dos 4,60% de 2023 para alcançar os 4% esperados para 2024. Vale ressaltar que a meta de inflação no Brasil para 2024 é de 3%. Essa é uma meta que esperamos que o Banco Central do Brasil não alcance de forma exata, mas, sim, uma inflação que continua sua desaceleração.

  • Projeções para a Inflação em 2024: Algo relevante a considerar nesse processo de desinflação no Brasil é sua origem. De 2022 para 2023, a desaceleração foi fortemente influenciada pela área de alimentação, com uma queda expressiva nos preços devido a uma safra abundante. Outro fator significativo foi observado nos bens industriais, especialmente nos produtos importados, como eletroeletrônicos e automóveis, que experimentaram uma alta durante a pandemia e começaram a desacelerar em 2022, concluindo esse processo em 2023. Para 2024, antecipamos que essa desaceleração continuará, focada em algumas especificidades.

  • Desinflação: Vamos observar essa desinflação persistindo, com destaque para o grupo dos bens administrados, que incluem itens como gasolina e energia. Esperamos que esses produtos apresentem altas menos expressivas em 2024, contribuindo para a desaceleração da inflação de 4,60% para 4%. Outro ponto relevante é a desaceleração da inflação de serviços, abrangendo mão de obra, serviços médicos, restaurantes e passagens aéreas, que continuarão contribuindo para esse processo de desinflação iniciado em 2022.

  • Flexibilização monetária e taxa Selic: Com essa dinâmica, projetamos que o Brasil crescerá em torno de 2% em 2024, representando uma desaceleração em relação aos 3% alcançados em 2023. O desemprego, embora aumente, o fará de maneira gradual. A taxa de desemprego, que encerrou 2023 em torno de 7,5%, poderá subir para aproximadamente 8,5%. É importante notar que, mesmo com essa desaceleração menos acentuada da inflação, o Brasil ainda está em um processo de flexibilização monetária, evidenciado pela queda da taxa Selic. Em agosto de 2023, a Selic estava em 13,75%, e esperamos que encerre 2024 em torno de 9%.

  • Perspectivas para Investimentos: Quanto ao risco financeiro no Brasil, percebo que, atualmente, está consideravelmente distante. Não observamos movimentos significativos relacionados a finanças ou falências de empresas. O Brasil está robusto em seu sistema financeiro, com uma desaceleração no crédito, tanto para a população quanto para as empresas, mas em um ritmo que indica crescimento. A previsão de crescimento econômico para o Brasil em torno de 2% este ano reforça essa perspectiva. Não identificamos riscos iminentes nesse sentido. Adicionalmente, o processo de flexibilização monetária, representado pela queda da taxa Selic, contribui para a saúde financeira das empresas.

  • Visão global e impacto dos Estados Unidos: O processo de queda da taxa Selic não ocorre de maneira isolada, sendo influenciado por fatores globais. Nesse sentido, é relevante observar os Estados Unidos. Atualmente, nos Estados Unidos, há uma desaceleração da inflação, e o Banco Central Norte-Americano está começando a considerar um relaxamento monetário, devido à sua taxa de juros ainda alta, em torno de 5,5%. Se esse processo for conduzido suavemente, o que implica em um crescimento contínuo, mas com uma desaceleração gradual, conhecida como “soft landing”, isso beneficiará também o Brasil. Naturalmente, isso pressupõe a estabilidade nos Estados Unidos, sem crises ou desacelerações econômicas acentuadas.

Andrea foi uma das palestrantes do Aprix Connect em 2023, onde pontuou alguns destes tópicos e ressaltou como podem influenciar decisões de preços.

Gestão de riscos e compliance

A conformidade com as regulamentações não é apenas uma obrigação legal, mas também uma estratégia fundamental para mitigar riscos e promover a transparência nos processos financeiros. Manter-se atualizado e proativo em relação às mudanças regulatórias é uma parte integral do papel do CFO, garantindo que a empresa opere dentro dos parâmetros legais e éticos.

A importância da conformidade desempenha um papel vital na construção da confiança dos stakeholders, incluindo investidores, clientes e parceiros comerciais. Um programa eficaz de conformidade financeira preserva a reputação da empresa, fortalecendo relacionamentos e sustentando o valor da marca.

Globalização e estratégias de expansão

A expansão global é uma estratégia ambiciosa que oferece oportunidades significativas, mas também traz consigo desafios financeiros únicos. Um dos primeiros é a compreensão das diferenças regulatórias e fiscais em cada país. CFOs devem estar cientes das nuances legais, incluindo tratados fiscais, regimes tributários e práticas contábeis específicas, garantindo que a empresa opere em conformidade com as leis locais.

A gestão de riscos cambiais é crucial, dado que a volatilidade nas taxas de câmbio pode impactar significativamente os resultados financeiros.

No âmbito do financiamento internacional, os CFOs devem explorar diversas opções, desde parcerias locais até captação de recursos nos mercados financeiros internacionais. A adaptação às diferenças culturais também é vital, tanto internamente, na gestão de equipes globais, quanto externamente, nas relações comerciais e negociações.

Investir em tecnologia é imperativo para a eficiência operacional global. Sistemas integrados de gestão financeira, plataformas de colaboração online e ferramentas de análise de dados facilitam a comunicação e a integração de sistemas em um contexto global.

Além disso, capacitar a equipe financeira para lidar com as complexidades do ambiente internacional é fundamental. O treinamento em diferentes práticas contábeis, regulamentações e normas de relatórios financeiros em diversos países fortalece a competência da equipe.

Webinar Precificação em tempos de inflação: como reajustar preços de forma eficiente em períodos de pressão inflacionária? Clique e assista à gravação.

Analytics e IA nas finanças

Desde soluções de pagamento digital até plataformas de análise de dados avançadas, as inovações tecnológicas estão redefinindo as práticas tradicionais. A automação de processos financeiros, impulsionada por inteligência artificial e machine learning, não só aumenta a eficiência operacional, mas também libera tempo para os CFOs concentrarem-se em análises mais estratégicas.

A transformação digital está rompendo as barreiras dos processos financeiros convencionais, permitindo uma visão mais holística e em tempo real das finanças corporativas. Isso capacita os CFOs a tomar decisões mais informadas, baseadas em dados atualizados e análises preditivas. A capacidade de prever tendências e antecipar riscos torna-se uma vantagem estratégica, conferindo agilidade às organizações em um ambiente de negócios dinâmico.

Recomendações práticas tornam-se essenciais à medida que as empresas buscam abraçar essa transformação digital. A adoção de novas ferramentas, como softwares de gestão financeira integrados, plataformas de análise avançada e soluções de pagamento eletrônico, é crucial para impulsionar a eficiência financeira. Além disso, investir em capacitação para a equipe financeira, garantindo que estejam atualizados e capacitados para utilizar as novas tecnologias, é fundamental para maximizar os benefícios da transformação digital.

Pessoas e cultura

Desenvolvimento de talentos na área financeira

Uma estratégia prática para o desenvolvimento de talentos começa com uma compreensão aprofundada das habilidades e competências necessárias na área financeira. Isso inclui não apenas conhecimentos técnicos, mas também habilidades interpessoais, capacidade analítica e adaptabilidade às mudanças. Programas de treinamento personalizados, workshops e cursos de desenvolvimento profissional podem ser implementados para aprimorar essas habilidades e manter a equipe atualizada com as tendências e inovações do setor.

A criação de um ambiente de trabalho que promova a aprendizagem contínua é essencial. Incentivar a colaboração, oferecer oportunidades de mentoria e criar uma cultura que valorize a busca por conhecimento contribuem significativamente para o desenvolvimento de talentos. Além disso, proporcionar desafios e responsabilidades crescentes ajuda a motivar a equipe, promovendo o desenvolvimento profissional e a retenção de talentos.

Sustentabilidade financeira e ESG (Ambiental, Social e Governança)

Para os Chief Financial Officers (CFOs), a adoção de abordagens sustentáveis não é mais apenas uma escolha ética, mas também uma necessidade estratégica. Integrar os princípios ESG nas práticas contábeis envolve uma revisão abrangente dos relatórios financeiros, incorporando métricas que refletem não apenas o desempenho econômico, mas também o impacto ambiental e social das operações da empresa.

Ao integrar essas considerações ESG, os CFOs não apenas atendem às demandas crescentes de investidores e partes interessadas, mas também fortalecem a resiliência financeira da empresa a longo prazo. Empresas social e ambientalmente responsáveis não apenas mitigam riscos relacionados à reputação, mas também se posicionam para aproveitar oportunidades emergentes em mercados sustentáveis.

Ao recapitular as principais tendências e desafios delineados neste guia, enfatizamos a necessidade premente de adaptação e inovação. Em um ambiente dinâmico como o de 2024, os CFOs que se mantêm ágeis e proativos estarão melhor posicionados para garantir o sucesso financeiro das suas organizações.
Júlia Provenzi
Júlia Provenzi
Júlia Provenzi é jornalista, formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Na Aprix, escreve sobre tendências no mundo dos negócios e inovação aliadas às áreas de pricing. Busca desmistificar o uso da IA e de tecnologias de ponta no contexto do Revenue Growth Management (RGM) em grandes companhias.
Júlia Provenzi
Júlia Provenzi
Júlia Provenzi é jornalista, formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Na Aprix, escreve sobre tendências no mundo dos negócios e inovação aliadas às áreas de pricing. Busca desmistificar o uso da IA e de tecnologias de ponta no contexto do Revenue Growth Management (RGM) em grandes companhias.

Não perca nenhum conteúdo

Inscreva-se na newsletter do Aprix Journal e receba gratuitamente todas as atualizações em seu email.